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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Eu, mãe foleira me confesso!

Cada vez é mais difícil ser uma mãe normal porque deixaram de existir crianças normais...
Hoje todas as crianças têm de ser excepcionais, sobredotadas, muito adultas para a idade, avançadas, etc...
Raramente se ouve, o meu filho é péssimo nisto ou naquilo, ou preguiçoso... As crianças têm todas de ser fantásticas, perfeitas, de sonho... Um sonho estranho que se torna num frustrante pesadelo para os pais...
Porque crianças perfeitas precisam de pais perfeitos...

Eu não sou uma super-mãe, não sou perfeita, não tenho nervos de aço, erro muitas vezes e nem sempre aprendo à primeira...
 Sou de uma espécie, pelos vistos, quase extinta a espécie das mães normais... E tenho filhos normais que tento fazer felizes sem lhes dar a entender que o mundo gira à volta deles, porque não gira e se o têm que descobrir ao menos que seja por mim...
Acho os meus filhos especiais porque são meus, mas sei que o mundo não os verá como eu, nem os amará incondicionalmente e eles precisam de aprender isso e ter noção da realidade.
Haverá sempre alguém que os achará pouco interessantes, haverá sempre alguém que os achará feios, haverá sempre alguém que os achará invisíveis.  Sempre.
E isto não é crueldade gratuita é apenas a realidade das coisas.
Também, felizmente, haverá sempre quem, além de mim, os ame e os ache o máximo! E isto sim é importante que saibam, ao longo da vida podem descobrir todo o tipo de pessoas e de umas gostarão e de outras não, porque é assim mesmo...
Não temos que agradar a toda a gente e nem toda a gente nos agrada, mas apesar disto devemos tentar não sermos cruéis...
Não sei que adultos serão os meus filhos, não sei se os valores que lhes tento transmitir serão os mais correctos, porque nem sempre consigo dar o melhor exemplo, nem sempre ajo da melhor maneira e tenho consciência disso.
Sou humana, não sou super, felizmente, têm alguém que os ensine que não seja inimitável na sua perfeição... Deve ser muito assustador para uma criança ter pais perfeitos, as expectativas tornam-se tão grandes que parecem logo, à partida insuperáveis ou inatingíveis...
Comigo não há esse risco, pelo menos, sei que eles poderão sempre ser melhores do que eu e se não forem podem sempre meter-me as culpas em cima e dizer que a culpa foi minha e que não fui um bom exemplo!

Nem sempre faço programas super-interessantes com eles, muitos dos nossos dias são passados em casa,a fazer coisas perfeitamente normais...
 Não pretendo que aprendam mandarim, ou inglês com 2 anos, ou piano, ou ballet... Lamento...
Fico satisfeita se já forem dizendo alguma coisa perceptível em Português e se gostarem de andar aos pulos quando ouvem musica e que dancem livremente, mesmo que pareçam cangurus-bêbados!
Não brincam com o i-pad ou com tablets, lamento mas não vejo o interesse e acho que existem coisas mais resistentes para caírem ao chão nesta casa...
Não vamos a mercaditos e merdices do tipo da moda prefiro leva-los ao parque ou ao jardim, não tenho pachorra para esses eventos "supé-fashion" e duvido que a minha filha se divertisse mais nesses meios do que aos gritos na praia a cair de boca na areia...
Não anda na creche ainda e não estou preocupada com o desenvolvimento dela.
Gosta de fazer amizades, gosta de partilhar mas também sabe  ser egoísta, ou dar uma chapada noutro puto (e os outros meninos também sabem, mesmo que os pais não o admitam!)...
Tento ensina-la a ser amiga de todos, mas nunca a obrigarei a levar porrada e ficar quieta, começar guerras não, mas defender-se sempre e se possível que não seja ela a ficar no chão!
Não gasto 100 euros, nem 50 num vestido para a Inês, sou muito vaidosa com os meus filhos, mas estão a crescer constantemente e tenho juízo na cabeça! Roupa da Modalfa, da Zara ou da H&M servem perfeitamente, se servem para mim, também servem para eles, temos pena!
(E honestamente irrita-me essas roupinhas todas cocós... Miúdos de fofos, ou que raio é aquilo, que parecem uns parolos pequeninos... Coitadinhos... Quando virem as fotos deles daqui a uns anos é que vai ser bonito...)

Muitas vezes têm nódoas na roupa, fazem birras, são insuportáveis, eu também!
Riem-se de coisas parvas... Eu também...
São desajeitados e desastrados... Eu também...
Jamais aprenderão comigo a fazer pratos gourmet, rendas de bilros ou a tocar violino...
Mas tudo o que lhes puder ensinar, tudo o que eu aprendi, ser-lhes-à ensinado com amor e a paciência que me for possível, porque há dias melhores do que outros e nem sempre os ensinamos em dias bons!











sábado, 17 de maio de 2014

Quando o caos é o nosso céu!

Há momentos em que ter dois bebés de idades aproximadas (Inês 2 anos e 7 meses, Guilherme 4 meses e meio) torna-se muito complicado...
Mas quem quer ter uma vida (mesmo, mesmo, mesmoooo) simples? 




 
Os meus filhos são completamente diferentes, comportamentos, personalidades (para alem do género, obviamente!) 
E nós também somos diferentes com cada um deles, porque ao contrario do que se pensa e se diz, eles não querem que os pais sejam iguais para os dois (justos sim!) porque todas as crianças têm necessidades e ritmos diferentes!
Assim, embora seja mãe pela segunda vez, é a primeira vez que sou mãe do Guilherme.

A Inês é uma força da natureza, livre, destemida, dramática,  teimosa, voluntariosa, criativa e com uma imaginação inesgotável (e umas pilhas que estão sempre com a carga toda...)!
O Guilherme é tranquilo, sempre bem disposto, interage muito connosco (mais até do que ela interagia nesta fase) mas gosta pouco de muita agitação,  assusta-se facilmente e não gosta de barulho... 

A Inês nesta altura (4 meses) só adormecia no meu colo e era viciada nas mamas, chorava que nem uma abandonada se não tinha atenção imediata e constante (ainda hoje é igual...)
O Guilherme adora que o pai o adormeça e que lhe pegue assim que chega. Distrai-se imenso sozinho a explorar o que o rodeia e só chora em ultimo recurso, prefere dar gritinhos ou gargalhadas para ter atenção! 
As mamas são mera fonte de alimentação, de resto não lhes liga nenhuma, se não tiver fome e eu (pensando que tem...) lhe oferecer a mama fica irritadíssimo!! (A Inês, mesmo sem fome, aceitava sempre um bocadinho de maminha!)
A Inês nunca se incomodou com a fralda molhada e fazia cocó (muito, muito, muito) sem se manifestar.
O Guilherme detesta ter a fralda molhada ou suja e faz um ahhhhhhhhhhhh!! seguido de um estremecer de braços e pernas cada vez que faz um belo cocó!

E depois há as semelhanças:
 Ambos, entre uma serie considerável de bonecos, escolheram o mesmo para o ó-ó o elefante Igor(que a Inês por volta do 1 ano trocou pelo rato Migas!) e o frango Francisco como companheiro preferido de brincadeiras! (Por isso na minha cama muitas vezes somos 2 adultos, dois babies, um rato, um elefante e mais a gata, felizmente o gato tem juízo e dorme sossegado na sala...)

À noite são encalorados  e gostam de dormir de braços esticados para trás! (comigo no meio, tipo salsicha esmifrada dentro de um muito inquieto cachorro quente...)
Começaram a rebolar e a virar-se com a mesma idade e no mesmo lugar!
Adoram o banho e encharcar-me toda...
Têm grande pontaria e desenvolveram com mestria a arte de bolsar-me de jacto, arrancar-me os óculos da cara, ou atirar-me coisas...
Ambos conseguiram acertar-me com cocó diversas vezes e/ou mijar-me...
Quando um acorda a berrar o outro faz o mesmo!
Quando um quer colo o outro... quer o mesmo!
Quando um ri à gargalhada o outro... ri à gargalhada e nós (que aquilo contagia à brava!!!) rimos à gargalhada!
Ás vezes andam com as fraldas trocadas... (quando vêm das avós!) (a Inês usa o tamanho 5 e o "pequeno" Gui, de quase 9kg e 68cm, usa o tamanho 3, quase a passar para o 4...)
 Ás vezes andam com as chuchas trocadas... (Mais uma vez... as avós, essas grandes criativas!)
Têm o melhor cheiro, sorriso e olhar apaixonado do mundo (pelo menos do meu, claro!)
Adoram musica e dançar comigo! Têm preferência por sons ritmados e mexidos e pouco interesse (ou pachorra) por musica clássica. (Eu tb só comecei a gostar deste tipo lá para os 10-12 anos, por influência do meu tio João e sempre preferi musicas que dessem para abanar o rabo que slows e afins...)
São os dois parecidos com o pai... (Sim, é uma injustiça... Vivo as privações de duas gravidezes de alto risco e nem sequer se dignam a ser um bocadinho parecidos comigo... Babies ingratos!!! Mas pronto, a inteligência, o charme e o engenho herdaram da mãe!! ;) Eh eh eh!!)

São completamente irresistíveis e fofos e giros que se fartam e acho que descobri, finalmente, a minha verdadeira vocação:
 Sei fazer babies giros e muito bem dispostos!!!
Também tenho outros "dons" descobertos recentemente:
Consigo dormir (muito, muito) pouco...
Consigo mudar fraldas a dormir (porque no dia seguinte nem me recordo...)
Consigo dar mama ao Guilherme e a sopa à Inês, ao mesmo tempo, enquanto canto...
Consigo resistir a choro muito, muito alto em simultâneo, durante minutos que me parecem horas, sem me atirar da janela ou esfaquear-me, ou enfiar tampões menstruais nas orelhas, ou meias, (sim, não tenho tampões para os ouvidos em casa...)ou os rabos dos gatos e sobreviver!!! (Também acho que estou a ficar gradualmente surda e isso, parecendo que não, também ajuda bastante!)
Consigo dizer de 5 em 5segundos: "Inês não grites que o teu irmão está a dormir!!", sem desistir e lidar com a frustação de não servir de nada... (Porque ela de 5 em 5 segundos esquece-se e volta a gritar, ou começa a cantar... aos gritos... Por acaso aqui acho que o "dom" é mais do Guilherme, que consegue dormir à mesma...)
Consigo lavar chuchas de 5 em 5 minutos sem as atirar todas para o lixo... (Aqui não é bem um "dom"... É mais o medo, o terrível medo do que viria depois... A  minha vida sem as chuchas seria mesmo muito difícil... Obrigada por teres existido maravilhoso/a inventor/a das chuchas.. Obrigada...)
Consigo fazer máquinas e máquinas de roupa, sem decidir que eles conseguem sobreviver se andarem só de fralda...( Hummmm isto é mesmo muito tentador... Agora até está calor e tal... Tenho que rever este "dom" e pensar se não estou só a ser uma otária masoquista...) 
 Consigo tirar nódoas de tudo com toalhitas de bebé, sobretudo da minha roupa... (Aqui o mérito, se calhar, é das toalhitas, mas eu preciso de algum conforto e vou roubar-lhes o protagonismo...)
Consigo arrumar a casa 500 vezes por dia e ter sempre coisas fora do lugar e em locais inesperados, há dias tinha 2 limões dentro da gaveta das toalhas da cozinha e 4 batatas no bidé... (Faz de conta que isto é bom... OK??? Não me querem enervar mais, pois não??!!)
Consigo dormir em cima de chuchas, pinypons e, mais recentemente, um grande dinossauro de plástico... (e não acordar apesar de ficar cheia de marcas no corpo... Se isto não é um "dom" não sei o que será...)
Consigo não matar todas as pessoas que me dizem: "Oh!! São iguais ao pai!" E me olham em tom desafiador... (só pode) E ainda conseguir sorrir, sem ter uma contratura muscular nas bochechas de tanta tensão... (E no fundo, ter a certeza, que jamais poderiam ser mais lindos os meus filhos e que que foram buscar os olhos fantásticos do babado do pai e o seu sorriso contagiante e genuinamente bonito! E  ficar feliz com isso!)

Ter o maior dom de todos, o de os ter na minha vida e ser deles todos os dias até morrer e se calhar até depois disso! 
E de os amar, desta forma louca, desvairada, irracional, pura, visceral! 
Um sentir que só se sabe e só se sente pelos NOSSOS filhos e por mais ninguém e só se aprende por eles e com eles!