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terça-feira, 14 de julho de 2015

E casaram, tiveram muitos filhinhos e foram muito felizes!!! (Só que não...)



Um filho por mais que seja um projecto muito desejado a dois, será, provavelmente, uma das maiores provas da resistência de uma relação.

Ainda ontem, numa conversa, uma amiga me dizia: "Antes estranhava muito e fazia-me confusão, haver casais com bebés de poucos meses/anos a divorciarem-se, hoje percebo o porquê..."

Ninguém está preparado para ser pai, N-I-N-G-U-É-M, por mais que pensamos que estamos, por mais que o desejemos com todas as forças, por mais teorias que tenhamos, a experiência é infinitamente melhor e pior do que imaginamos e sim eu disse mesmo pior, não por eles mas por nós.

Para um bebé também deve ser medonho nascer... 
Primeiro está dentro da mamã, protegido, com todas as necessidades suprimidas!
No escurinho, sem ser demasiado estimulado, ouve a voz da mamã e sabe e sente que nunca está sozinho, o mundo envolvente é fofo e maleável. Nunca tem fome, nem sede, nem frio, nem sente o rabo sujo ou assado, ou comichão, ou calor. De quando em vez sente o contacto de alguém externo à mãe que o toca e lhe fala, através do universo seguro da barriga da mamã.

Depois vem cá para fora...
É puxado à força para um mundo totalmente desconhecido, com demasiada luz, barulhento e onde toda a gente lhe toca directamente no corpo.
Sente fome, frio, sede, calor...
Faz xixi e fica molhado, faz cocó e para além de cheirar mal, é desconfortável e quando lhe mudam a fralda despem-no e limpam-no com algo molhado e frio...
Descobre que chora e cada vez que isso acontece assusta-se e enerva-se com aquele barulho horrivel e ensurdecedor que sai de dentro dele e não consegue evitar...
A mãe deixa de estar colada a ele e passa a ser um corpo externo que ele nem sempre consegue alcançar...
Sente então, pela primeira vez, medo e solidão...
Depois ainda tem pais inexperientes, nervosos e cansados, que tendem a berrar um com o outro.

Estão a ver quando se tem um cão?
E, sobretudo no Inverno, já existe alguma tensão em decidir quem vai com o cão à rua de madrugada?
Ou ter um gato e irritar-nos mudar a liteira e tira os cocós e xixis todos os dias?

Um bebé não tem nada a ver...
Para já é nosso e o Amor que temos por aquela pequena criatura rosada, fofinha e cabeçuda é de uma intensidade assustadora que não se explica!
Por isso não podemos culpa-lo de nada, ele é um bebé, o nosso bebé, mas o cansaço e as frustrações crescentes e decorrentes estão lá e acabamos por projectar tudo no pai.

O bebé não mama?
A culpa é do pai!

O bebé mama e dói?
EU ODEIO O TEU PAIIIII

O bebé não dorme?
O pai é um cabrão!

O bebé tem cólicas?
Herdou-as do pai!

Isto é justo para o Pai?
No fundo, num mundo perfeito, é!
Num mundo perfeito o pai não ficaria magoado, teria mais paciência, perceberia que as hormonas são tramadas (fodidas), que a mãe se sente exausta (teve um parto e a seguir teve logo um bebé para cuidar, lembram-se?), assustada, feia (sim feia, experimentem já não estarem gravidas e ainda terem que vestir roupa de gravida e haver pessoas que perguntam:"quando nasce?" e o bebé já está cá fora há 1 mês...) e incompetente e o bebé depende dela e ela receia a cada segundo falhar.
E o pai perceberia e não ficaria de orgulho ferido, apoiando a mãe e o bebé.

Mas nós não vivemos num mundo perfeito e somos todos humanos...
E claro que os pais também estão cansados, também dormem mal, também se passam, ficam magoados e sentem-se preteridos...
Para além disso não percebem, se era isto que ambos queríamos, "ter um bebé", porque é que ela em vez de andar feliz e saltitante chora e berra e stressa por tudo????

O pior que podem fazer:
a)- Compararem-nos com outras mães que conhecem (que se são mães passaram pelo mesmo, mesmo que não o confessem), ou acham que se calhar não temos perfil para ser mãe e acabam por dizê-lo...

b)- Dizer que não aguentam mais e que se vão embora, quando nós vos mandamos embora... (Nós mandamos-vos embora porque nos sentimos um farrapo, estamos cheias de hormonas e achamos que vocês nos acham uma merda, mas no fundo só queremos que nos abracem e digam que somos boas mães e que os nossos bebés têm muita sorte! Se vocês dizem que estão mesmo fartos e que se vão mesmo embora pensamos que somos mesmo uma merda...)

c)- Fazer queixinhas à mãe, ou não nos defenderem face às avós e outras pessoas no geral (A nossa auto-estima já está de rastos, não sejam mesmo uns sacanas, podem desabafar com outros gajos que já foram pais eles serão mais isentos e perceberão que não estão sozinhos, mas evitem aqueles que se divorciaram, por motivos óbvios.)

d)- Começarem a dizer que a casa está desarrumada* (quando chegam do trabalho) em vez de arregaçarem as mangas.
Sigam o mantra:
-Estar em casa com bebés não é estar de férias
-Estar em casa com bebés não é estar de férias
-Estar em casa com bebés não é estar de férias
-Estar em casa com bebés não é estar de férias
*(Além disso a casa é responsabilidade dos dois, bem como os filhos.)

Percebam que:
-Nós vos escolhemos para pais dos nossos filhos, um papel importantíssimo que só daríamos a alguém que amassemos muito! 

-A culpa é das hormonas em 95% das vezes (os outros 5% já era aquilo que acontecia antes do bebé, NÃO DEIXEM A TOALHA MOLHADA EM CIMA DA CAMA, AS CUECAS NO CHÃO E MIJEM PARA DENTRO DA SANITA CARAMBA!!!)

-Fizemos um bebé juntos, não há milagre maior, podemos ultrapassar uma crise (de cada vez) se quisermos!

-Todas as relações tremem com a vinda de um bebé T-O-D-A-S!!!

-Nós precisamos que se tentem meter no nosso lugar, sem nos julgarem

-80% das vezes que stressamos com vocês, estamos é stressadas com o bebé e connosco, mas não nos podemos espancar, nem ao bebé!

-Que vos amamos, apesar de não vos querermos pinar às 4h da manhã porque estamos (realmente) cansadas, mas um abraço seria bom!



 

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